domingo, 6 de julho de 2014

Aplacar a dor

Ser bailarina vezes mostra alguns aspectos da vida que esqueço. Bailarinas aprendem a conviver com a dor, acho que essa é uma das primeiras lições se aprende, antes mesmo de saber o que é plie e relevé. A dor vem de várias formas quando se dança, é uma briga constante com o corpo, é uma arte, que requer treino prática e dedicação, é sentir dor e não chorar, é não aguentar mais e continuar, e isso nunca para, é sorrir chorando por dentro. Mas sabe que quem dança, e não para, é porque ama o que faz, e não é pelas dores, os machucados, os dias doloridos, que vai parar de dançar. A dança eleva, ensina, ajuda, relaxa, te transporta pra lugares onde vc pode expressar sentimentos com seu corpo, com sua alma nisso. Na dança e na vida, dentre muitas semelhanças, infelizmente nem toda a dor é passageira.
Pra quem ja teve um coração partido, sabe que nem o tempo pode curar, coração não se remenda, não volta a ser o que era antes, nunca mais é do mesmo jeito. E alguém que se foi nunca deixa de fazer falta, pode passar 100 anos, mas tudo que você ainda vai querer quando pensar nesse alguém é que daria tudo por um ultimo abraço, ou só pra ouvir a voz, eu perdi dois tios, eu perdi duas partes tão gostosas e felizes de mim, e o mundo perdeu duas pessoas maravilhosas, em tão pouco tempo, e eu sei que nunca vai passar, eu sei que eu sempre vou ouvir a voz de vocês nas reuniões de família, eu sei que eu sempre vou imaginar como seria se vocês estivessem aqui, e eu sei que eu nunca vou poder abraçar vocês de novo, e dói. Dói muito.
E as vezes alguém se vai e não necessariamente parte desse mundo, só partiu de você, ou você partiu dele. E isso tambem nunca passa, porque quando alguem parte de nós deixa algo, e seja o que for, isso nunca vai ser apagado, e se ela se foi é porque em algum momento doeu, se dói é importante, se dói faz falta, mesmo que a falta seja exatamente do que precisou pra evitar aquela partida, dói o que era pra ser vivido e não foi. E de todas as dores que carregamos elas nunca passam, engano seu se achar isso, como numa jornada de uma bailarina você não deixa de sentir a dor, você apenas aprende a conviver, viver e seguir com elas.