quinta-feira, 26 de março de 2020

smile sunshine

Seguindo seus passos lá estava eu 
Por um caminho tortuoso e estranho, era você.
Eu te odiava a maioria dos dias, mas era difícil te odiar vendo o sol bater no seu rosto descendo sorrindo na minha direção
E mesmo assim ainda existia um oceano entre nós.. 
E eu também nunca vou conseguir explicar o fato de não haver um nós, ou de criarmos ele durante algumas noites, nos filmes que vemos, no abraço contido durante o sono, nós pés se encontrando no frio do inverno, nas discussões que você sempre tem razão, na dança das quatro paredes.
Mas como eu disse, o nós não existe.
Ele não existe nos dias que as palavras não se encontram, ele não existe no medo, no orgulho, nas decisões. Ele não existe por nossa culpa e assim seguimos.


domingo, 8 de março de 2020

The funeral

Eu falsamente dizia que não importava o que acontecesse estaria preparada pro fim, um dia o funeral chega, mas eu já me colocava de luto antes mesmo do nascimento. Era o que eu costumava dizer, era o que eu queria que fosse.
Dentre as muitas portas que fechei, nem todas eu tranquei, uma gota de esperança segurava aqueles locais de girar a chave e jogar ela fora, no fundo eu relutava, mas acreditava no que todos diziam "não se feche", "não desista", e só eu sabia o quanto doía ter que colocar forças nisso e parecer bem e sorrir enquanto eu não fazia ideia de quantas partes meu coração tinha se partido.
O mundo não parou pra eu juntar meus pedaços, nem eu parei, eu fui pegando o que dava no meio do caminho, foi duro, foi luto, foram dezenas de funerais de coisas boas e ruins, cada pedaço juntado era uma lembrança enterrada pra ficar no passado. Demorou, doeu e passou.
E aí eu declarei que estaria sempre pronta pro pior, pro fim. Eu queria que tivesse sido assim.
Mas eu deixei a porta aberta, e teve quem insistisse pra ver como era por dentro.
Entrou, sorriu, fechou a porta e achou por bem redecorar com o tem destruição.
Saiu levando o que achou de bom, saiu me deixando sem saber por onde iria recomeçar mais uma vez.
Saiu deixando a unica certeza de que aquele seria o último funeral. A ultima vez que a porta se abriu.
A porta nunca mais iria se abrir e ninguém saberia que levaram o melhor de mim, já era doloroso o bastante conviver com o vazio de não ter esperança, de todos que entraram e nunca ficaram.
Acabou, eu arrumei, sentei e olhei e tranquei a porta pela ultima vez.