segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Paredes

Era mesmo aquela coisa. Despertador tocou.
Não tem amor pra dar o primeiro beijo do dia.
Tem eu correndo porque mais um dia acordei atrasada. Tem eu esquecendo o carregador, o celular, a meia, a chave, a vida.
Tem eu rindo por ser tão esquecida.
Eu na janela do carro cantando uma música pop qualquer no rádio, que nem sei porquê aprendi.
Eu chegando no trabalho. Lê email. Responde email. Atende telefone. Procastina. Acorda. Trabalha. Corre. Estressa. Resolve. Resolve. Resolve. Dor nas Costas. Eu indo embora.
Eu cantando música sertaneja. Eu cantando rock. Eu rindo da minha péssima voz. Liga pra amiga. Eu pensando no que comer. Pizza. Encontra a amiga. Ri da vida. Lembra da academia. Corre pra esteira. Corre. Corre. Por que eu faço academia mesmo? Lembro que odeio academia. Lembro que preciso fazer exercício. Boto o fone. Termino o treino. O que tem pra ler hoje? 10. 15. 20 livros. O que tem pra assistir hoje? 10. 20. 15 séries. Tô tão cansada. Deito. Abre a porta. Colo de mãe. Colo de irmã. Tô com sono. É tão pouco tempo. Fecho o olho. Lá vem. Sempre vem. As paredes falam, gritam, contam mil e uma histórias de mil e uma rotinas, de amores, tristezas, alegrias, da minha vida.
Se as minhas paredes não falassem não teria graça, não teria história, emoção.
Deito. Penso que o que vale mesmo é viver pra ter do que lembrar. Viver pras paredes falarem. Amar pro travesseiro contar as noites de amor. Chorar pra pra aprender. Aprender pra recomeçar. Recomeçar pra acertar. Acertar no amor, no trabalho, na vida e em tudo. E viver.. viver pra que as paredes ecoem a canção da minha vida, e no final de tudo elas digam bem baixinho: valeu a pena.