domingo, 8 de março de 2020

The funeral

Eu falsamente dizia que não importava o que acontecesse estaria preparada pro fim, um dia o funeral chega, mas eu já me colocava de luto antes mesmo do nascimento. Era o que eu costumava dizer, era o que eu queria que fosse.
Dentre as muitas portas que fechei, nem todas eu tranquei, uma gota de esperança segurava aqueles locais de girar a chave e jogar ela fora, no fundo eu relutava, mas acreditava no que todos diziam "não se feche", "não desista", e só eu sabia o quanto doía ter que colocar forças nisso e parecer bem e sorrir enquanto eu não fazia ideia de quantas partes meu coração tinha se partido.
O mundo não parou pra eu juntar meus pedaços, nem eu parei, eu fui pegando o que dava no meio do caminho, foi duro, foi luto, foram dezenas de funerais de coisas boas e ruins, cada pedaço juntado era uma lembrança enterrada pra ficar no passado. Demorou, doeu e passou.
E aí eu declarei que estaria sempre pronta pro pior, pro fim. Eu queria que tivesse sido assim.
Mas eu deixei a porta aberta, e teve quem insistisse pra ver como era por dentro.
Entrou, sorriu, fechou a porta e achou por bem redecorar com o tem destruição.
Saiu levando o que achou de bom, saiu me deixando sem saber por onde iria recomeçar mais uma vez.
Saiu deixando a unica certeza de que aquele seria o último funeral. A ultima vez que a porta se abriu.
A porta nunca mais iria se abrir e ninguém saberia que levaram o melhor de mim, já era doloroso o bastante conviver com o vazio de não ter esperança, de todos que entraram e nunca ficaram.
Acabou, eu arrumei, sentei e olhei e tranquei a porta pela ultima vez.

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